sábado, 29 de setembro de 2012

Viagem II

Dizem os mais experientes que em Bali nas negociações de preços nunca se deve pagar mais que a metade dos preços que as pessoas que carregam as malas, os taxistas, os vendedores ambulantes e outras pessoas pedem no início da transação.
Antes da saída da porta de desembarque passamos num corredor cheio de guichés de ambos os lados onde estão cerca de duas dezenas de balinesas chamando insistentemente os passageiros/turistas para comprarem rupias. Contudo, quando percebem que o negócio não lhes interessa e que o “negócio” passa apenas não pelo câmbio mas por destrocar uma nota de cem dólares em notas mais pequenas, a maioria delas alteram a sua atitude, demonstrando o seu desinteresse e antipatia para com aquele que até ao momento poderia ter sido um eventual cliente.
Passada a porta do desembarque, para além de estar à nossa espera o Bento, um guia destacado pelo projeto para nos acompanhar, embora já sendo noite, fomos recebidos um calor abrasador que já não sentíamos há algum tempo. É uma espécie de calor misturado com uma humidade sufocante que se “pega” à pele.
Fomos transportados de autocarro para um Hotel no centro de Kuta, por várias ruas bloqueadas por uma quantidade infindável de motas e carros que circulam indescritível.
Depois de malas colocadas nos quartos e do banho (tão ansiado) tomado, houve espaço para umas voltas a pé pelo local onde estava instalado o hotel. Deu para perceber (de modo redutor) um pouco da realidade balinesa.
É impressionante a bipolaridade existente entre os hotéis e a realidade circundante aos mesmos. Nas ruas o “negócio a céu aberto” impera. Vende-se de tudo, desde comida, artesanato fazem-se câmbios, … existe uma sujidade tremenda.
Nas ruas, é interessante observar como em todo e qualquer local os balineses oferecem alimentdos ou oferandas aos deuses. Em quase todos os locais existem uns mini templos onde as oferendas e as preces são endereçadas aos Deuses.
Contudo, não tive oportunidade de visitar a zona mas “in” de Bali, onde referem existir um “novo mundo” com vida, noite, movimento, confusão e que torna Bali um catálogo atrativo.
De malas “aviadas” para Timor, é necessário pagar uma taxa de saída no valor USD 19.00. Para além disso, como em Bali tudo dá direito a alguma “barganha” (a maioria das vezes não muito clara), mesmo tendo visto que as balanças do check-in não estavam calibradas e possuíam dois quilos sem qualquer peso em cima, tal situação deu ainda direito ao pagamento a USD 15.00 de excesso de bagagem.
Depois do embarque feito era tempo de contagem decrescente para a tão ansiada chegada a Timor que se efetivou por volta das catorze horas locais (seis horas da manhã em Portugal) aterramos no "humilde" aeroporto de Timor Leste.

Viagem I

Cheguei a Timor Leste, após cerca de 23 horas de voo (aproximadamente) distribuídas do seguinte modo: 
Porto - Roma - 3h; 
Roma - Doah (Qatar) – 5h e 30m
Doah (Qatar) –Singapura (escala técnica) – 7h e 30m
Singapura – Denpasar (Bali – Indonésia) – 5h
Denpasar (Bali – Indonésia) – Dili (Timor) – 2h

Viajamos em várias companhias de aviação, na TAP (até Roma), na Qatar Airways  (considerada melhor companhia do mundo em 2012) entre Roma – Doah - Singapura – Denpasar e por fim o voo entre a Indonésia e Timor foi feito pela companhia Merpati Airlines (esta companhia faz parte da lista negra de companhias inseguras).
Fizemos escalas de mais e/ou menos horas, entramos e saímos de aviões vezes sem conta, mostramos documentação mais vezes que os dedos das duas mãos poderão contabilizar, em alguns dos aeroportos passamos um número de horas considerável à espera da próxima ligação. Por fim, em Denpasar (Bali – Indonésia) tivemos direito a uma boa noite de descanso no Hotel Rani que se fica situado em Kuta.
Em relação aos aeroportos, o de Roma mais parece com um terminal de autocarros em grande escala, já o do Qatar e o de Singapura, embora muito diferentes entre si, são muito bonitos e acolhedores e denotam o poder financeiro que ambos os países possuem.
A chegada do aeroporto do Qatar durante a noite é indescritível. A vista aérea permite perceber que a iluminação é coisa que não falta. Existem luzes por todo o lado, que a cidade de Paris conseguirá dificilmente superar. Até as vedações e delimitações das casas são realizadas com luz. Porque será? Porque fica mais barato pagar a fatura da luz do que comprar outro tipo de vedação?
No Aeroporto do Qatar é ainda percetível a magnitude da frota de aviões da empresa Qatar Airways cuja sede/base é neste aeroporto.
No aeroporto de Singapura, o aspeto que mais se denota é a quantidade de funcionários que o aeroporto possui e pelos quais passamos até serem efetuados todos os procedimentos para o embarque.
Por sua vez, chegados ao Aeroporto Ngurah
Rai (Bali-Indonésia), “entramos noutra dimensão”. Com a verdadeira decoração balinesa, o aeroporto possui um cheiro intenso a incenso.
É uma “saga” a passagem pelos procedimentos burocráticos e de segurança neste aeroporto. Todos os passageiros que entram em Bali necessitam de tirar um visto de entrada no valor de USD 25.00 que não pode ser pago em notas de USD 100.00 dólares uma vez que os funcionários não aceitam. Foi o que me aconteceu. Valeu a amabilidade de uma colega de percurso em disponibilizar-me algumas notinhas mais pequenas.
Em Bali, desde o desembarque no aeroporto até ao mais simples pormenor tudo se “barganha” (palavra que significa pechinchar, negociar, ajustar, regatear). Existem os transportadores de malas que “deitam a mão” às bagagens dos passageiros “impondo” os seus préstimos para as carregar a troco de algumas rupias. Basta para isso apanharem o passageiro um pouco distraído para haver direito a “cobrança”.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A viagem

O dia tão aguardado já se vislumbra na linha do horizonte.
A partida para Timor ocorrerá no próximo dia vinte e sete de Setembro (quinta feira) tendo como rota da viagem a seguinte: Porto (Portugal) ->Roma (Itália)->Doha (Qatar)->Bali (Indonésia)->Díli (Timor Leste).
A viagem terá inicio por volta das sete horas do dia vinte e sete e só termina no dia vinte e nove em Díli (Timor). Nos vários locais onde farei escala, permanecerei cerca de cinco horas em Roma, três horas em Doha e dezasseis horas em Bali (onde iremos pernoitar).
Agora sim, o tempo urge com preparações, organização de informação, …
Enfim, um sem número de coisas de última hora.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Sistema Educativo de Timor Leste

Todos os colaboradores que irão participar neste projeto tiveram a oportunidade de participar numa pequena ação de formação promovida pela Universidade do Minho.
A ação permitiu a todos os participantes uma maior contextualização acerca do território timorense e aprofundar conhecimentos acerca do sistema educativo do território.
Em relação a esta última situação (sistema educativo de Timor Leste) a ação foi muito profícua, tendo obtido um conjunto de informações muito pertinentes.
Cópia "fiel" do sistema educativo português (exceto a acreditação do ensino superior), o sistema educativo de Timor Leste, sofreu uma grande evolução aquando da vigência do IV Governo (2007-2012), tendo havido muita produção legislativa, originado um quadro legislativo perfeito. Dentre os vários documentos produzidos, foi aprovada em Outubro de 2008 a lei de bases da educação, cuja estrutura é igual ao modelo português. Contudo, contrariamente ao quadro legislativo, e “perfeição” do ponto de vista prático está longe de ser alcançada, uma vez que existem inúmeros problemas a nível da implementação (no terreno) do referido sistema.
Para tal, tem havido um enorme esforço por parte do Governo e Timor Leste um em promover o acesso ao ensino básico a todas as crianças, acções que promovam a formação dos professores, acções de recuperação de espaços escolares, entre outras.
No que refere aos constrangimentos da implementação do sistema, existem problemas de mobilidade uma vez a deslocação no território não é fácil devido às condições geográficas (terreno montanhoso) e à inexistência de vias de comunicação adequadas.
A formação de base dos professores do ensino básico, na sua maioria, corresponde ao 4.º ano de escolaridade. Setenta e cinco por cento dos professores do ensino básico e secundário não têm qualificação mínima para lecionar.
Por outro lado, embora uma das línguas oficiais seja o português, muitos professores não dominam a respetiva língua, sendo a comunicação em tétum, e/ou nos inúmeros dialetos locais.
Enfim… inúmeros constrangimentos que eu, enquanto agente de cooperação, espero contribuir para que sejam debelados.



quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O contrato e os novos colegas

No dia quatro de Setembro, realizou-se em Lisboa, na sede do Instituto Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, a assinatura de mais de cinco dezenas de contratos com os formadores/professores (incluindo eu) que irão colaborar nas mais diversas áreas de formação em Timor Leste.




O ensejo foi especial sobretudo pelo facto de poder, pela primeira vez, começar a alargar o leque de contactos e de conhecimentos com os colegas que estarão “no mesmo barco” durante os próximos tempos.
A única pessoa que conhecia até então era a Clarisse. Partilhamos, entre outras coisas, informações, ansiedades, expetativas e desassossegos. No então, no referido dia quatro, a Flora viria alargar o leque de pessoas que conheço no âmbito deste projeto. Logo pela manhãzinha, lá estava ela (aos saltinhos num misto de nervosismo e ansiedade) à nossa espera na vila mais antiga do país (Ponte de Lima) e, meia hora mais tarde, somou-se ao grupo, o João que esperava por nós algures, lá para os lados da cidade dos arcebispos (Braga) para tomarmos rumo em direção à capital.

Não nos conhecíamos, mas nem demos pelo tempo passar nas três horas e meia de viagem. Falamos, saltitamos de assunto em assunto que sempre convergia no mesmo (a nossa intervenção em Timor), avançámos e recuamos na conversa, partilhamos preocupações, informações, expetativas, e num instante, parecia que já nos conhecíamos há imenso tempo. Todos de áreas de formação muito diferentes (educação, geografia, educação física), mas todos com uma preocupação comum – poder dar o melhor de si neste projeto que se perspetiva desafiante.

sábado, 1 de setembro de 2012

As minhas funções

Após cerca de um mês e meio de espera, finalmente será efetivado entre o dia 01 de Setembro e 31 de Dezembro de 2012 o meu contrato de agente de cooperação em Timor Leste. 
O contrato de cooperação será tripartido - Camões - Instituto da Cooperação e da Língua; Ministério da Educação da Républica Democrática de Timor Leste; e a minha pessoa. 
A prestação enquadra-se no âmbito da Cooperação que o Estado Português desenvolve com a República Democrática de Timor-Leste e terei como funções:
a. Lecionar e prestar os serviços conexos a essa atividade, de acordo com as suas qualificações, na área da sua formação ou em área afim a definir pelo Coordenador-Geral, caso este a assuma como adequada à realização dos objetivos do Projeto;
b. Assegurar a formação inicial e contínua de docentes timorenses;
c. Efetuar o acompanhamento pedagógico dos docentes timorenses em formação e avaliar o seu desempenho em formação;
d. Recolher e sistematizar informação sobre o funcionamento, constrangimentos e desempenho da sua atividade;
e. Recolher e sistematizar dados quantitativos e qualitativos para verificação dos indicadores de acompanhamento do Projeto;
f. Prestar apoio à programação das atividades;
g. Conceber e experimentar materiais pedagógicos, em articulação com missões técnicas de assistência especializada no âmbito de processos de reforma curricular, numa perspetiva da melhoria da contextualização e relevância da educação e tendo em conta os objetivos do Projeto;
h. Promover outras atividades extracurriculares, desde que devidamente autorizadas pelo Coordenador-Geral do projeto;
i. Apoiar os Coordenadores Adjuntos Científico-Pedagógicos em todas as iniciativas que contribuam para a qualidade das práticas pedagógicas, inovação educativa, valorização do espaço escolar e excelência do ensino;
j. Elaborar um dossiê individual, no decurso de cada ano letivo, mantendo-o permanentemente atualizado, com os elementos que evidenciem o trabalho efetuado em cada momento, devendo disponibilizá-lo sempre que solicitado pelo Coordenador-Geral, ou por quem este designe;
k. Colaborar com o Coordenador-Geral, ou com quem este designe para o efeito, na definição de um calendário de visitas ao local onde o terceiro contraente desempenha a sua atividade, de forma a permitir um acompanhamento periódico do trabalho realizado;
l. Realizar quaisquer outras atividades no âmbito do Projeto e destinadas à obtenção dos resultados esperados, conforme as necessidades identificadas pelo Coordenador-Geral.